sexta-feira, 20 de julho de 2012

Gladiadores - Lutadores de vida ou morte

Gladiadores - Lutadores de vida ou morte

Gladiadores - Lutadores de vida ou morteFoto: Divulgação

NA ROMA ANTIGA, DURANTE MAIS DE SETE SÉCULOS, O ESPORTE PREFERIDO ERA O COMBATE DE GLADIADORES. ATLETAS SUPER TREINADOS, ELES ESTAVAM PRONTOS PARA COMBATER E MORRER, EM NOME DO ÚNICO TIRANO QUE OS PRÓPRIOS IMPERADORES ERAM OBRIGADOS A CORTEJAR: O PÚBLICO

10 de Julho de 2012 às 21:02
O “ludus” era um misto de prisão, caserna e ginásio esportivo. Nele viviam e eram treinados os gladiadores, que os chamavam “domus” (casa). No apogeu do Império Romano, existiam cerca de 100 ludus espalhados pelas diversas províncias. Um deles era Carnuntum, nas imediações da cidadezinha austríaca de Hainburg, a meio caminho entre as duas capitais Viena e Bratislava. As ruínas desse ludus foram encontradas em 2011, na zona do parque arqueológico de Carnuntum. O governo austríaco reconstruiu por completo as instalações, que hoje podem ser visitadas pelos turistas.
Grandes ou pequenas, as estruturas de todos os ludus eram parecidas: planta quadrada ou retangular, cubículos para o alojamento dos moradores, depósitos para as armas, às vezes celas para prisioneiros (para os “hospedes” que não estavam ali de vontade própria) e, sobretudo, uma imensa área para os exercícios e treinamentos, às vezes dotada de uma pequena arena na qual o “lanista”, o proprietário do ludus, podia testar seus campeões antes de exibi-los ao grande público.

Em Carnuntum, o ludus foi construído ao lado do grande anfiteatro em forma de arena, tipo coliseu. Além da caserna há nas imediações um pequeno cemitério onde eram sepultadops os gladiadores mortos em combate.
O vídeo a seguir, produzido pelo Ludwig Boltzmann Institute for Archaeological Prospection, da Áustria, mostra como era o ludus de Carnuntum e apresenta cenas das atividades que nele se desenrolavam.
Melhor ser gladiador do que escravo
Gladiador era um lutador escravo treinado na Roma Antiga. O nome “gladiador” provém da espada curta usada por este lutador, o gladius (gládio). Eles se enfrentavam para entreter o público e, quase sempre, o duelo só terminava quando um deles morria, ficava desarmado ou ferido sem poder combater. Nesse momento do combate o presidente dos jogos determinava se o derrotado morria ou não, frequentemente influenciado pela reação dos espectadores do duelo. Alguns dizem que bastava levantar o polegar para salvar o lutador, outros dizem que era a mão fechada que deveria ser erguida.

O ludus de Carnuntum, na Áustria, foi inteiramente reconstruído no mesmo local


Alguns estudos relatam, no entanto, que nem sempre o objetivo da luta era a morte de um dos gladiadores: isso geraria um ônus para o seu proprietário, e também para o Estado Romano. Argumenta-se que o principal objetivo era o entretenimento da plateia: os jogos faziam parte da política do “pão e circo” (panis et circencis), que o governo usava para distrair e manter quietas as massas populares.
Ser proprietário de gladiadores e alugá-los era uma atividade comercial perfeitamente legal. Mas só em raros casos um romano de alta posição social, porém financeiramente arruinado, decidia ir para a arena como gladiador, na tentativa de recuperar o seu status.


Salão de repouso do ludus de Carnuntum. Aqui os gladiadores podiam se reunir e desfrutar de conforto 


As primeiras lutas conhecidas aconteceram em Roma em 286 antes de Cristo, no começo da Primeira Guerra Púnica. Mas o esporte teve início muito antes, com os etruscos. Durante cerca de sete séculos, as lutas dos gladiadores, entre si ou contra animais ferozes - o que era menos valorizado e prestigioso para os lutadores - foram os espetáculos preferidos dos romanos. O Coliseu, em Roma, era o principal palco dessas lutas. Suas ruínas ainda se constituem numa das principais atrações turística da cidade.
No ano de 73 antes de Cristo, aconteceu a terceira guerra do Estado Romano contra escravos rebelados. Ela teve início com um gladiador, de nome Espártaco. Ele liderou um grupo rebelde de gladiadores e escravos, que assustou a então República Romana. A revolta terminou dois anos depois graças a Marcus Crasso. Depois disso, nas épocas de crise, esses lutadores passaram a ser vistos com temor e preocupação: graças a seu treinamento, um único gladiador era capaz de combater e vencer vários soldados.
Os gladiadores voluntários eram quase sempre prisioneiros de guerra tornados escravos. A condição de gladiador lhes garantia tratamento mais humano, bem como a possibilidade de alcançar a fama e até mesmo a liberdade. Ser gladiador, portanto, era bem melhor do que ser um escravo comum. Quanto aos que condenados a combater nas arenas, no início era destino reservado apenas aos autores de crimes graves. Mais tarde, na época dos imperadores Cláudio I, Calígula e Nero, a condenação à arena foi estendida às menores culpas, o que aumentou o interesse pelas lutas. Dois imperadores, Calígula e Cômodo, participaram de lutas como combatentes, obviamente vencendo.
Durante o governo de Constantino I, com o advento do cristianismo no ano 325, as lutas foram banidas. Mas embora em fase de decadência, os espetáculos de gladiadores sobreviveram por mais de um século após a proibição.
A vida do gladiador
Os gladiadores eram treinados em escolas especiais conhecidas como ludus. Em Roma existiam quatro escolas. A maior delas chamava-se  Ludus Magnus, e estava diretamente conectada ao Coliseu por um túnel subterrâneo. No intervalo das lutas, os combatentes desfrutavam de um tratamento especial que envolvia grandes cuidados médicos e acurado treinamento. No geral, eles não lutavam mais que três vezes ao ano. Viajavam em grupos conhecidos como famílias quando iam lutar em outras cidades. O treinador, conhecido como lanista (palavra provavelmente derivada do termo carniceiro), ia junto.
Os gladiadores eram, em grande parte, vegetarianos: alimentavam-se basicamente de feijões e cevada. A carne era um alimento caro, e não podemos esquecer que eles eram escravos.
Eram comuns nas lutas as participações de anões que lutavam tanto entre si como também em times contra gladiadores normais. Havia também gladiadoras mulheres, que lutavam com um seio exposto, pois usavam as mesmas vestimentas dos gladiadores homens. O imperador Domiciano gostava de ver lutas entre anões e mulheres.


Os lutadores pertenciam a grupos e as lutas eram organizadas de forma que nenhum grupo ficasse em desvantagem. Estas eram as principais categorias de gladiadores:


Trácios: eram os mais fracos; como proteção usavam um capacete que cobria toda cabeça e um escudo quadrado, além de caneleiras. Atacavam com espadas curvas, as sicas.


Murmillos: eram os oponentes dos trácios e dos retiários. Usavam um grande escudo numa mão e na outra uma espada curta. O capacete se assemelhava a um peixe.


Retiários: empunhavam um tridente e eram os mais desprotegidos. Carregavam também uma rede e uma faca curta. Eram os únicos aos quais era permitido recuar em combate.


Secutores: Se assemelhavam muito aos murmillos, entretanto seu capacete era arredondado para não prender na rede dos retiários que eram seus oponentes.


Dimachaeri: Não se sabe muito sobre esse tipo de gladiador; usavam duas espadas, e estavam entre os mais bem treinados.


A partir do estudo de 120 esqueletos de gladiadores mortos em combate ou executados na arena, pesquisadores austríacos traçaram um retrato, baseado em evidências materiais, de como morriam esse combatentes morriam. O mais impressionante eram as formas de execução dos gladiadores derrotados. Aquele que tivesse ferimentos leves, esperava de joelhos pelo julgamento da plateia. Caso a decisão fosse pela execução, ele era morto com um golpe de espada na jugular. Se estivesse muito debilitado, era mantido de quatro na areia e recebia o golpe nas costas, na altura do ombro. A lâmina penetrava entre os ossos e chegava diretamente ao coração.


As ossadas estudadas, datadas dos séculos 3 e 4, foram achadas na antiga cidade de Éfeso, a mais movimentada da Ásia Menor na época, com cerca de 200 mil habitantes. Sua arena, adaptada sobre um teatro grego, podia acomodar 25 mil espectadores, a metade da lotação do Coliseu de Roma. Os arqueólogos encontraram junto às tumbas muitos desenhos e inscrições a respeito da vida dos gladiadores. Isso permitiu a identificação, por exemplo, de um jovem de 21 anos, que treinava para ser gladiador desde os 17. Ele foi morto na quinta vez em que se apresentou na arena.


O universo dos gladiadores influenciou muito o cinema. Diversos filmes foram feitos em sua homenagem como O Gladiador, Spartacus e, recentemente, mais uma série sobre esse gladiador rebelde: Espártaco: Sangue e Areia, ainda em cartaz na televisão.

Fonte - Aqui

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